Não é novidade que a publicidade recorre ao sexo como forma de atrair a atenção do público. Isso porque o instinto sexual é uma característica inata dos seres humanos, até mesmo os mais recatados tem uns certos “deslizes” na sua vida diária.
O principal recurso dessa forma de publicidade é a idealização do ato sexual. O produto ou serviço promete, de certa forma, aumentar as oportunidades de conquista e/ou facilitar o prazer. Esse discurso reforça ainda mais o status de poder e autorrealização que o prazer sexual tem em nossa sociedade.
Vale ressaltar que uma publicidade sexualmente apelativa não necessariamente recorre à nudez ou pornografia. Assim como em qualquer outra estratégia de publicidade, a essência propaganda pode estar na forma como o roteiro é abordado ou na composição de imagens de forma sugestivas.
O mais recorrente dessa maneira de publicidade é a exposição dos corpos, em sua maioria femininos, que devido aos padrões impostos pela sociedade são considerados como os mais atraentes, como também àqueles para se almejar.
De fato essas imagens chamam a atenção do leitor, que pode estar somente folheado a revista sem pretensão de realmente lê-la, e nesse ato se depara com um corpo atraente, instintivamente ele ou ela vai voltar para a página que chamou sua atenção. Isso porque esse é um método que provoca os hormônios do leitor, sendo uma boa tática para se evidenciar das demais propagandas.
Até aqui parece que essa é uma forma perfeita de publicidade, porém um contraponto dela é justamente o conteúdo sexual, já que de certa forma ele acaba sendo o objetivo principal da peça, tirando o foco do produto ou serviço. Esse recurso é uma faca de dois gumes.
Além disso há também o problema de ofender uma parcela da sociedade. Primeiro porque boa parte da população tem uma postura mais conservadores e são sensíveis às manifestações da liberdade sexual. Um exemplo claro disso é a propaganda da Havaianas de 2009, que não possui nudez nem um vocabulário chulo, só uma ligação verbal ao ato sexual. Isso já foi o suficiente para muitos criticarem a propaganda e a tirarem da TV. Confira o vídeo abaixo:
Segundo, porque comumente ocorre a objetificação, principalmente, do corpo feminino. Essa é tratada como objeto a ser conquistado e a figura masculina é o sujeito que satisfaz seus próprios desejos conquistando-a. Para tanto Martin Petroll afirma:
As propagandas brasileiras não costumam mostrar o homem como objeto de desejo no jogo da sedução, mas sim como conquistador, concomitante ao que a sociedade considera como comportamento sexual apropriado do homem e da mulher.
Então, por que as marcas continuam se valendo do sexo em suas propagandas? A resposta é bem simples. O responsável pela grande repercussão e, consequentemente, pelo aumento de vendas não é o sexo, mas sim a polêmica. O fato de o sexo dividir opiniões, conquistar uns e ofender outros, gera mais discussão sobre o produto e até mesmo sobre a marca anunciada. Isso é revertido em publicidade espontânea. O papel do publicitário nesse caso é descobrir como o público-alvo da marca gosta de ser retratado sexualmente, porque, com certeza, o discurso sexual de uma marca com público feminino é diferente do discurso de uma marca com público masculino.
Escrito por Gabriel Barros, reescrito por Janaína Cabral.
Uma resposta
Encontrei sem querer esse blog e esse artigo aqui, gostei
muito do que lí aqui… Obrigado!