Se voltarmos à pré-história, veremos que a figura feminina era endeusada e louvada, pois acreditava-se que a mulher, exclusivamente ela, era responsável por gerar a vida. Com a extinção do comportamento nômade, os indivíduos começaram a se organizar em aldeias e os homens perceberam que as mulheres “necessitavam” deles para engravidar. Para garantir a autenticidade de suas crias, os machos das primeiras civilizações reprimiam cada vez mais as fêmeas, isolando-as de outros machos e designando-as as tarefas domésticas.
Esse tipo de comportamento, apesar de algumas mudanças, permaneceu por muitos séculos. Mas por conta dos protestos e reivindicações, relativamente recentes, é que as mulheres foram conquistando sua independência e se tornando protagonistas de suas próprias histórias. Se o papel da mulher vem sendo questionado perante a sociedade, os meios midiáticos também perceberam a necessidade de se adaptarem a essa nova realidade.
Isso faz parte de uma visão de mercado que acompanha a situação de vida da sociedade atual. Segundo o IBGE, a idade média em que as mulheres se casavam em 2003 era de 25 anos. Em 2013, essa média subiu para 27 anos. Bem diferente da realidade das jovens que se casavam ainda adolescentes há algumas décadas atrás. Se essas mulheres estão casando cada vez mais tarde e o consumo se dá principalmente por parte dos jovens, a representatividade dessas mulheres deixa de ser apenas no papel de esposa ou mãe, como ocorreu durante muito tempo. Os discursos publicitários na contemporaneidade têm abordado o signo feminino como alguém que busca a satisfação de seus próprios desejos.
Um dos estereótipos mais comuns é o da dona de casa, capaz de cumprir inúmeras tarefas: cuidar do marido, dos filhos, da casa e ainda ter tempo para cuidar de si mesma (saúde, aparência, vestuário, etc). Porém, esse arquétipo está cada vez mais perdendo espaço, pois não há quem se identifique com todas essas características.
Outra grande mudança, diz respeito aos presentes dados às mulheres em datas comemorativas. Basta olhar para até a metade do século passado para perceber que o presente ideal para as mulheres não era exatamente para elas, e sim, para a casa, para os filhos ou marido. Hoje, o discurso se converteu para uma autossatisfação, que pode ser percebido de duas formas: o crescimento gigantesco do mercado de cosméticos e também a inserção da figura masculina em peças publicitárias de produtos domésticos.
Elaborar um bom discurso publicitário nunca foi fácil, e não é agora que seria diferente. O desafio da vez é encontrar um equilíbrio entre retratar uma mulher determinada e empoderada, sem cair no clichê da mulher “faz tudo”. A linguagem publicitária não deve colocar a mulher como dependente de um determinado produto, mas sim, demonstrar esse produto como um auxílio para que ela possa alcançar seus objetivos (não necessariamente domésticos).
Por Gabriel Barros (Editado por Anna Flávia)