Nos últimos anos, um padrão vem se formando na grande indústria do entretenimento. É cada vez mais comum encontrar grandes apostas em franquias que, no passado, marcaram nossa infância ou adolescência. Nos cinemas, a Disney continua lançando uma série de cópias dos próprios clássicos, como Rei Leão e Aladdin, enquanto outras empresas apostam em readaptações e continuações de seus antigos sucessos, como Jurassic World, Ghostbusters e Exterminador.
Mas por que tantas franquias estão retornando? Estamos a caminho de uma crise de criatividade? Não exatamente.
Para as grandes empresas, nomes já conhecidos são investimentos seguros com lucro comprovado. A familiaridade com os personagens e as histórias são suficientes para chamar a atenção de espectadores de maneiras que histórias originais dificilmente conseguirão. Isso porque essa afinidade cria no consumidor uma sensação de controle, que o faz acreditar que ele sabe exatamente o que está comprando.
Basta comparar a bilheteria de derivados de antigos clássicos com os filmes originais que disputam o Oscar para ver esse efeito em ação. Em 2015, a bilheteria esmagadora de Jurassic World (1,67 bi USD), derivado de Jurassic Park, se mostrou muito mais lucrativa do que O Regresso (533 milhões USD), o filme com a maior bilheteria entre os indicados de melhor filme do mesmo ano.
Esses consumidores veem nessa familiaridade a chance de reviver momentos mais simples e tranquilos. A nostalgia se justifica como uma incrível ferramenta de venda, induzindo os próprios espectadores a buscarem as partes que mais gostam e sentem falta de suas vidas no cinema.
Além disso, essas atualizações permitem que as novas gerações cresçam assistindo as mesmas coisas que seus pais assistiram, e se conectando com eles.
Logo, a indústria não está passando por uma crise de criatividade, ou mesmo qualquer crise. Ideias originais simplesmente não são tão rentáveis quanto as velhas histórias que conhecemos, e estas só estão em alta por que existe demanda. Os consumidores querem ver suas histórias preferidas sob nova roupagem. Essa não é a primeira vez que vemos esse fenômeno e provavelmente não será a última.
Não é a primeira década que conta com uma reimaginação do Godzilla, uma nova trilogia de Star Wars ou até mesmo a volta de Rocky Balboa. As gerações anteriores já passaram por isso, e as próximas também vão passar.