Acorrentados à Semiótica

Em 9 de junho de 2017, a cantora norte americana Katy Perry lançou seu mais novo álbum, o intitulado Witness (testemunha). Nasceu aqui uma nova era, recheada de conceito e com uma sonoridade totalmente diferente do que estávamos acostumados a escutar de Katy. O álbum não agradou muito os críticos e suas vendas não seguiram como planejado, mas isso não diminuiu a mensagem que a cantora de hits como California Gurls e I Kissed a Girl quis passar para seu público.

A era teve início com o single Chained To The Rhythm, lançado em 10 de fevereiro de 2017, tendo seu vídeo postado no dia 21 do mesmo mês. Na época, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia acabado de ganhar as eleições, que para a artista apoiadora da candidata rival ,Hillary Clinton, significou uma enorme inspiração para começar a divulgação do álbum com várias críticas ao sociais. E juntos vamos ver toda a semiótica e mensagem trabalhada pela artista dentro do primeiro videoclipe do Witness.

Assista o clipe aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Um7pMggPnug

 

(segundo 0:03)

Tudo já começa na entrada do parque, conhecido por “Oblivia”, uma alusão a palavra da língua inglesa “Oblivious” que traz o significado de uma pessoa desatenta, fazendo uma critica as pessoas que não conseguem ver o que está acontecendo com a sociedade atual. 

(segundo 0:22)

Do meio de todo o público presente no parque, surgem 2 moças e 1 rapaz, todos tirando selfies usando smartphones, representando a obsessão das pessoas pela tecnologia e o tanto que este mau hábito nos faz esquecer do que acontece ao nosso redor.

(segundo 0:33)

E então o primeiro brinquedo do parque é apresentado como “American Dream Drop” (a queda do sonho americano) representando o modelo de vida perfeito idealizado pelos americanos, onde todos deveriam ser tratados de forma igual e ter acesso a mesma oportunidade, que no caso não é o que acontece no país.

(segundo 0:50)

Aqui nós temos 2 críticas em apenas um brinquedo do parque apresentado por Katy. A Cantora entra em uma montanha-russa chamada “Love Me” (Me Ame) onde homens sentam de um lado, e mulheres do outro. Durante o percurso, os personagens passam por um túnel cheio de ícones que representam os botões de interação do Facebook, todos esses elementos demonstram na atual sociedade o número de curtidas que cada pessoa possui em uma rede social vale mais que seus valores. Logo no final do brinquedo, um placar é apresentado, percebemos que o personagem Simon tem uma nota muito maior que a da personagem Rose, fazendo uma alusão ao Machismo e a desigualdade social que a mulher sofre.

(segundo 1:40)

Esta é a maior crítica ao governo de Trump apresentada no clipe. O presidente apresentou propostas de construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, como uma forma de barrar a imigração ilegal. A cena mostra pessoas sendo arremessadas, por um brinquedo, para o outro lado de uma cerca.

(segundo 1:51)

Somos apresentados ao “Bombs Away” (Bombas a Distância) que critica as guerras e o público que assiste silenciosamente toda esta situação à distância.

(segundo 2:40)

A televisão tem um enorme poder de convencimento, e isto é apresentado ao mostrar todos assistindo ao mesmo programa e realizando o mesmo movimento com a cabeça, de forma “robotizada”.

 

(segundo 3:37)

Observamos que Katy se encontra em uma roda, onde ela corre porém não sai do lugar, tudo para demonstrar que a sociedade vive presa em um ciclo, onde nada muda. Por fim, a cantora percebesse toda a manipulação, se mostrando assustada.

Este não foi um dos vídeos mais amados pelo público de Katy Perry, mas todo o peso da crítica que ele traz o tornam muito importante para a cantora, mostrando que nem sempre devemos olhar somente para o sucesso, mas sim para toda a mensagem que a produção nos quer passar. 

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