No mundo dos games, adaptações para o cinema nem sempre foram bem vindas. Enquanto as grandes indústrias encontraram facilidade em adaptar as histórias de livros e HQs para criar franquias bilionárias, parecia que já haviam desistido dos games após uma onda de subsequentes fracassos. Só agora Hollywood está voltando a se aventurar no gênero, aos poucos aprendendo com os erros e criando sucessos como “Detetive Pikachu” e “Sonic – O filme” no meio do grande número de desastres de crítica que continuam a produzir.

A partir disso é possível entender por que fãs ainda reviram os olhos ao saber que suas amadas franquias serão adaptadas. Logo surgem as principais preocupações: Como vão incorporar o tom que torna certo jogo tão atrativo aos fãs? O que farão para colocar uma história de horas de duração em apenas 90 minutos? Será que farão uma adaptação fiel?

São exatamente essas preocupações que estão levando os fãs da franquia “Uncharted” a questionarem as escolhas criativas da Sony após a divulgação do primeiro trailer do filme.

Nathan Drake, um personagem destemido e irreverente que mais parece uma cópia carbono de Indiana Jones, é interpretado por Tom Holland, que não só tem um perfil muito mais ingênuo e certinho como também parece estar utilizando exatamente dessas características para interpretar o personagem. Isso para não falar de Mark Wahlberg, que vive um personagem que deveria ser, no mínimo, 15 anos mais velho.

Entretanto, ainda que as diferenças do material original pareçam um sinal de um desastre iminente, é possível que elas sejam exatamente o que é necessário para mudar a má fama das adaptações de games.

O problema é que ainda se procura uma fórmula perfeita, que poderia de alguma forma transformar a história de qualquer jogo, de qualquer tipo ou duração, em uma adaptação de sucesso. Não é preciso entrar em detalhes para explicar por que deveria ser impossível. No entanto, parece ser exatamente isso que as adaptações de quadrinhos tem aperfeiçoado não apenas na última década, mas durante toda sua existência.

Enquanto adaptações de jogos são logo rodeadas pela preocupação de que se tenha a maior fidelidade possível ao material original, as adaptações de quadrinhos há anos mostram como o conteúdo deve ser tratado da forma que melhor servir ao tema proposto. Um ótimo exemplo está nas inúmeras aparições do Batman na mídia. O personagem já teve desenhos animados, filmes, séries de TV e até jogos, todos com diferentes abordagens para diferentes públicos.

Logo, o que o sucesso das HQs em diferentes mídias nos revela é que a chave para uma boa adaptação está justamente em permitir que uma releitura seja feita com total liberdade, sem se preocupar em fazer um filme fiel, mas em fazer um bom filme. Foi isto que permitiu trazer todo o universo do morcegão para a realidade na trilogia Cavaleiro das Trevas, que possibilitou os últimos filmes do Homem-Aranha, também estrelados por Holland, a alterar tanto sua história a ponto de trazer algo totalmente novo e que agora parece comandar o filme de Uncharted.

Ainda é cedo para dizer se o filme será um sucesso (ainda mais com todos os problemas e alterações que passou durante seu longo período de produção), mas é certo que o filme tem bastante potencial para fazer a diferença no futuro do gênero. Pelo trailer, o filme parece adotar muitos momentos marcantes dos jogos, mas não foge de utilizar seus atores pelas dinâmicas que realmente são conhecidos e mudar a história para trazer algo novo e divertido. Quem sabe não sai daí mais uma grande franquia?