Da onde surge o preconceito

O nosso processo de aprendizagem utiliza de estereótipos para classificar signos com características semelhantes em determinados grupos. Por exemplo, ao descobrirmos que uma cobra é venenosa, nosso cérebro rotula todas as cobras daquela espécie como sendo venenosas, gerando assim um estereótipo. Essa forma de organização é importante para a preservação e manutenção da vida, pois desta forma, os indivíduos não precisam verificar TODAS as cobras para saber que de fato aquela espécie é venenosa.

Seguindo o mesmo raciocínio, ao descobrirmos que crianças são mais imaturas e irresponsáveis que os adultos, recorremos aos mais velhos quando precisamos de ajuda, pois já os classificamos como mais conscientes e responsáveis. Enfim, fazemos isso com tudo, porque essa distinção torna mais fácil o processo de assimilação e aprendizagem. O problema está quando julgamos valores e posturas baseados nesses estereótipos.

Quando analisamos um grupo específico, tendemos a ressaltar suas características mais marcantes (geralmente, os defeitos, as ameaças) e ignorar as diferenças individuais. Em outras palavras, deixamos de lado as exceções e tratamos todos como sujeitos moldados, sem características próprias.

Sempre que agimos com repulsa ou aversão a um indivíduo, enxergamos nele alguma característica que de certa forma ameace o nosso estilo de vida e nossos valores. Ao abordar, por exemplo, questões raciais. Uma parte da população se sente ameaçada porque já enquadraram a outra parte em grupos de marginalidade e criminalização. Em contrapartida, a parte marginalizada também não aceita que se fale sobre discriminação, pois também irá rotular os ditos privilegiados sem reconhecer que essas pessoas também pode sofrer algum tipo de violência preconceituosa.

O mesmo acontece em grupos tidos como socialmente opostos. Homens e mulheres, brancos e negros, gays e héteros, religiosos e ateus, ricos e pobres, entre outros. Ambas as partes minimizam casos de violência praticados contra o outro e maximizam os seus defeitos, numa tentativa de menosprezar a importância desses indivíduos para a sociedade como um todo. O resultado disso é mais intolerância e disparidade.

A luta por equidade não deve alimentar ainda mais os estereótipos que nos separam. Não somos não devemos e nunca seremos idênticos. Mas só existirá igualdade quando pararmos de fomentar antagonismos. É preciso ter maturidade e consciência social para enxergar as individualidades de cada cidadão. Todos nós temos qualidades e defeitos. Todos nós enfrentamos problemas. Todos nós temos valências e fraquezas. Gerar oportunidades e inclusão só será possível quando pararmos de ver as pessoas como coisas e passarmos a percebê-las como os seres humanos que de fato são.

Por isso nós da área de comunicação temos um papel importante de abrir a mente das pessoas falando de como isso atrapalha e atrasa a vida. Pegamos de exemplo Oliviero Toscani, um requisitado fotógrafo, que nos anos 90 resolveu mudar, radicalizando totalmente as fotos publicitárias, falando sobre coisas que eram e ainda são tabus. Ele recebeu muitas críticas, mas não estava ligando pois o que ele queria era mostrar a realidade de descriminação de pessoas negras, LGBTQ+, portadores de IST refugiados e entre outros. A maiorias das pessoas que criticavam Oliviero eram de um pensamento retrógrado, que não conseguiam ver nada além do próprio umbigo. Ele agiu de uma forma “grosseira” para época e deu certo, porque hoje não daria? Tantas coisas acontecendo em volta do mundo, mas são pouco comentados, devemos dar visibilidade e voz a quem não tem.

Reescrito por: Jennifer Vitorino

como da para perceber essa foto fala por si só, todos somos iguais, não importa qual a cor da melanina.

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