Nouvelle Vague: O cinema do autor

Entenda um dos movimento cinematográfico que abalou o mundo do cinema.

O primeiro ato

O cinema é, como toda arte, repleto de movimentos com diferentes focos e perspectivas do presente. A sétima arte, mesmo “recente” já possuiu diversas fases e uma delas é a Nouvelle Vague, cujo maior acontecimento na foi na França. Esse movimento fez surgir muitas obras fantásticas.

A Nouvelle Vague foi um movimento que surgiu em 1958, em oposição ao cinema Hollywoodiano que dominava as telonas na época, com homens fortes e mulheres esbeltas representando um estilo de vida que muitas poucas pessoas podiam viver naquela época.

“Era Uma Vez em Hollywood”, do Tarantino é um bom filme pra compreender o cinema americano naquela época.

Os jovens críticos de cinema da revista “Cahiers du Cinéma”, depois de muito criticar filmes decidiram fazer os seus próprios, mas de forma independente, com o dinheiro do próprio bolso.

O termo Nouvelle Vague, cuja tradução é “Nova Onda”, foi mencionada pela primeira vez na revista L’Express, e foi dita justamente para representar os novos diretores franceses que seguiam características parecidas. O filme que abriu todo o movimento foi “Le Beau Serge”, do diretor Claude Chabrol.

As Características

As características gerais desse movimento rondam a ideia de ser simples e conceitual.

  • Produções baratas, pois normalmente eram financiadas pelos próprios diretores.
  • Atores jovens e pouco conhecidos, com um pequeno ou nenhum cachê.
  • Filmagem em lugares abertos, pois eram mais baratas e também ia contra o senso comum de que um filme precisa de um estúdio para ser realizado. Isso encorajava o pensamento de que com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, algo bom e novo poderia sair.
  • Rompiam com a narrativa linear criando sequências de cena nada convencionais.
  • Questões Sociais eram muito frequentes, pois o movimento esteve em paralelo ao auge da guerra fria e as revoltas estudantis de 1968 na França.
Cena do filme “Os Sonhadores” que conta a história de jovens cinéfilos vivendo a Nouvelle Vague.
  • Junto com as questões sociais usavam de personagens na margem da sociedade, como foi bem representado em “Os Incompreendidos” de François Truffaut.
“Os Incompreendidos”, de François Truffaut. Uma das principais obras da Nouvelle Vague.

Os autores

Muitos diretores nessa época fizeram ótimos trabalhos, mas os dois que consideram principais são François Truffaut e Jean-Luc Godard. Os dois foram muito amigos nessa época e se ajudaram muito.

François Truffaut (1932-1984), que dirigiu filmes como Jules e Jim e Os Incompreendidos, teve uma vida conturbada no seu começo, muito refletida nos seus filmes, principalmente naqueles com o personagem Antoine Doinel.

Jean Luc-Godard (1930 – hoje) que dirigiu filmes como Masculine-Feminine e La Chinoise foi dos que alcançou maior sucesso, e recentemente produziu a película “Filme Socialismo”. Ele se tornou um cineasta político. Sua transição da Nouvelle Vague para os filmes que ele faz hoje é muito bem contada de forma irônica e cômica no filme “O formidável”, na época que estava casado com Anna Karina, umas das principais atrizes do movimento.

Louis Garrel representando Jean-Luc Godard em “O Formidável”.

O legado

Hoje, os filmes são clássicos muito cultuados, e ainda causam o mesmo efeito na população jovem como fazia na época. Quentin Tarantino realiza filmes com essa filosofia, com obras críticas e pessoais, histórias não lineares mas que sempre contam algo surpreendente. A já não tão nova Nouvelle Vague ainda tem muito a acrescentar nas nossas vidas, ensinando-os a ver o mundo de maneira mais crítica e valorizar a individualidade e liberdade de cada um.

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