A representação visual pode carregar inúmeros sentidos para a interpretação do público final. Isso vale para marca, cartaz e até mesmo capa de disco. Pretendo demonstrar minha perspectiva como aluna de Design que está em contato com a matéria de metodologia visual, onde se é ensinado um recorte da teoria de Gestalt: as oito leis da psicologia da forma. É uma ciência que estuda a maneira como nossa mente interpreta os estímulos visuais que nos circulam. Pelas leis estabelecidas nesta ciência pode-se compreender as maneiras como as pessoas observam e interpretam as figuras captadas pelo seu sistema visual.
Antes de começar, para aqueles que estavam vivendo debaixo de uma pedra durante os últimos 54 anos, vou lhes apresentar Pink Floyd, uma das mais importantes bandas do mundo. O grupo, criado na década de 60 teve seus dias de caça e caçador, concebendo algo completamente inusitado, movido por psicodelia e experimentalismo, transformando completamente o rock progressivo, e por efeito dominó, com seu colossal impacto, uma era na música se foi criada. Sua influência na sociedade foi e ainda é marcada por décadas, vários eventos tiveram o parecer esplendoroso de Pink Floyd, por mais que a banda tenha se aposentado em 2014 e seus integrantes tenham seguido carreira solo.
1973. O ano em que ocorreu a Assinatura do Acordo de Paris para o Fim da Guerra e Restauração da Paz no Vietnam, que Nixon foi eleito presidente dos EUA e o World Trade Center foi inaugurado. Nesse mesmo ano, Pink Floyd, no dia 24 de março lançava o que seria considerado um símbolo não só do rock, mas da música: Dark Side Of The Moon.
A arte do álbum foi criada pelo designer Storm Thorgerson (1944 – 2013), e correspondeu completamente às ideias da banda. Em busca de referências para a arte interna do disco, o Pink Floyd enviou Storm para o Egito, simplesmente para clicar fotos das pirâmides.
De acordo com o criador, a inspiração para a capa do álbum partiu de um manual de Física Elementar, onde encontrou o feixe de luz a atravessar o prisma. Storm explica que a escolha do triângulo está também relacionada com a ideia de loucura, explorada nas letras de Waters, que usa de inspiração para compor o álbum o antigo vocalista da banda, Syd Barrett, que teve a saúde mental deteriorada por problemas causados pelo uso de substâncias químicas.
A peça (triângulo e faixas) demonstra em si unidade, lei de Gestalt que explica como a conceituação de um elemento pode ser feito por uma parte, ou por várias partes em conjunto que constroem uma peça só, que serve para passar uma mensagem clara em primeiro momento.
Seguindo esse raciocínio, nasce a segregação da capa do álbum, onde o objetivo do princípio é separar e evidenciar informações dentro de uma composição, que está exposta na dispersão e nas cores, no suposto “arco-íris”,onde é utilizado o alto contraste das cores e proximidade entre as faixas provoca estimulação heterogênea no cérebro que automaticamente desencadeia vários pensamentos pela recepção de informação, como por exemplo: o óbvio Pink Floyd, o fenômeno óptico: a dispersão da luz branca nas faixas (ou frequências) do espectro visível, e talvez as referências do próprio álbum, como a ciência diz que a lua tem um lado oculto que ninguém foi capaz de ver; O título do disco relaciona esse “lado oculto da lua” com o lado que todo ser humano possui e tenta esconder, nosso lado repleto de falhas, mas o mais humano. E também há presença do contraste baixo, que por ser uma combinação homogênea dá o ar de monotonia e baixa estimulação cerebral.
Ainda nas faixas, existem mais três princípios de Gestalt: semelhança, proximidade e continuidade. A semelhança demonstra como a nossa percepção tende a agrupar objetos que são parecidos, logo automaticamente é interpretado que são faixas de cor uma ao lado da outra, que se é explicado por outra lei, a lei da proximidade: a percepção tende a agrupar objetos que estão próximos, portanto um exemplo de comunicação que pode ser encontrado após a observação da capa é o “arco-íris”, ao lado direito.
E o último princípio representado pelas faixas é o da continuidade, que discorre sobre como a nossa percepção tende a dar a melhor continuidade de uma figura, ou: “sucessão de elementos e o fluxo de informações funciona em nosso cérebro. Ela representa, ainda, a tendência de que objetos acompanhem outros no sentido de alcançar uma forma — seja pelo uso de cores, volumes, texturas e formas estruturalmente estáveis. Consequentemente, dentro da obra se encontra continuidade onde as faixas colidem dentro do prisma e seguem com um sentindo só.
E por último, a unificação da obra, que é definida pela igualdade ou equilíbrio de estímulos em todos os elementos de uma determinada composição, que é representada pelo conjunto do prisma + faixa + background.
Thorgerson também assina a arte gráfica de bandas como Biffy Clyro, Audioslave, Bruce Dickinson, Peter Gabriel, David Gilmour, The Mars Volta, Helloween, Megadeth,Scorpions, Muse e The Offspring.
A peça gráfica é composta de diversas camadas com funções totalmente complementares, que cortam todas as possíveis pontas soltas de comunicação, que poderiam atrapalhar na compreensão do disco, por conseguinte: a capa de Dark Side Of the Moon é inesquecível e eterna. Considero que alcançou o ápice do equilíbrio entre as a maioria das leis de Gestalt e fez com que eu entendesse esse conceito sem obstáculos ou dúvidas. Pink Floyd me ajudou na faculdade, risos.
Portanto, finalizando a tese: a influência silenciosa porém extremamente excêntrica da obra como exemplo da maioria das Leis de Gestalt pode de certa maneira auxiliar o processo de compreensão um designer ou comunicador social estudando sobre metodologia visual.
Bibliografia e referências
http://gruposputnik.com/blog/?p=130
https://whitecom.com.br/8-principios-da-gestalt/
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Dark_Side_of_the_Moon
https://pt.wikipedia.org/wiki/Syd_Barrett#Sa%C3%ADda_do_Pink_Floyd
https://rollingstone.uol.com.br/edicao/edicao-63/viagem-ao-lado-obscuro/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pink_Floyd
Uma resposta
Ótima matéria! Parabens!