Ao ver uma série, filme ou desenho você deve ter pensado, pelo menos uma vez, em como aquela cena é familiar por conta do enquadramento da personagem, e questionou “mas por que os diretores insistem em mostrar as pessoas de baixo pra cima? Isso não as valoriza nem um pouco”. Calma que a questão aqui não é somente a estética do que está em quadro, como também a relação da personagem com a câmera, do que está acontecendo no momento e da intenção do diretor.
O enquadramento é algo tão importante na linguagem cinematográfica, pois é ele quem determina o que está acontecendo no mundo da peça visual. O enquadramento é um elemento vital para qualquer boa história. Este depende de três componentes: plano, altura e lado do ângulo. Contudo por enquanto só vamos nos aprofundar nos planos de câmera, que são:
Grande Plano Geral (GPG)
É o plano mais abrangente dentre os demais, a sua função é passar a referência geográfica para quem está vendo a cena, situando onde os acontecimentos do filme se passam, não podendo identificar as pessoas em cena, apenas perceber a presença das mesmas.
O GPG também é um plano que pode passar a ideia de solidão do personagem ou até mesmo abandono do local de interesse. É um recurso bem comum em filmes pós-apocalípticos, como por exemplo:
Plano Geral (PG)
Parecido com o plano anterior, o plano geral passa uma referência mais específica do local, se antes era impossível distinguir pessoas por causa da distância da câmera do local, aqui já é possível. Esse é um plano tão importante que a sua ausência pode causar furos na narrativa visual.
Pode-se usar o PG para enfatizar algo que está acontecendo na parte do áudio da cena, construindo o aumento do sentimento expresso pela personagem em cena.
Plano Americano
Esse é um dos cinco planos que tem relação com o corpo humano. São enquadramentos que precisam de uma referência humanoide – por exemplo: não é possível ter um plano americano de uma lata de refrigerante.
O plano americano foi uma ideia pensada durante o ápice dos filmes de faroeste, ele nasceu da necessidade de mostrar tanto a emoção do personagem em cena quanto a sua arma, logo nele podemos ver o personagem do joelho para cima.
Plano Conjunto
O plano conjunto é um que não está preso a uma referência corporal como os outros planos relacionados ao corpo humano. Ele se trata de uma ideia que queremos passar, não é a toa que é conhecido como plano conceito, por isso uma cena que o incorpora podem ser de outros planos também.
Plano Médio
O personagem aqui é enquadrado da cintura pra cima, podendo ser fechado ou aberto, ou seja mais próximo ou não da pessoa. Algo importante sobre esse plano é que ele mostra o personagem em relação ao ambiente que aquele está inserido, dando a devida importância ao local.
O plano médio também é muito comum em telejornalismo, justamente pelo fato de dar destaque ao jornalista e ao mesmo tempo mostrar o que está acontecendo no quadro.
Meio Primeiro Plano
O que está em quadro é a parte do tórax até a cabeça da pessoa, dá um caráter de seriedade e importância para situação. Uma característica importante deste plano é a proximidade que ele tem com o espectador ou o que está em cena com ele, por conta dessa sensação de proximidade que esse é usado nas campanhas eleitorais.
Close
Conhecido como o plano emotivo, o close tem o rosto do personagem como tema principal e o mostra da área do queixo até a testa, desta forma faz com que o espectador tenha toda a sua atenção direcionada ao sentimento que o personagem quer passar. As emoções são enfatizadas neste plano.
No entanto quando estamos nos referindo ao jornalismo, o close não é visto como algo positivo, pois é apelativo, logo vêem nele uma forma de oportunismo barato.
Detalhe
Como o próprio nome implica, é um plano que serve para dar foco a algum pequeno detalhe, de uma forma geral não indicando o ambiente ou até mesmo o objeto. O objetivo deste plano é criar a sensação de mistério, de antecipação para quando o enquadramento ficar aberto, para que só assim seja compreendido o que de fato está acontecendo. Esse é um recurso que ajuda a prender a atenção de quem está vendo.
Viu só como os planos são mais do que apenas mostrar algo bonito? Todos tem um porquê, são previamente pensados para darem sentido à história. Na linguagem cinematográfica nada é por acaso.